As pessoas costumam dizer que às vezes
temos de deixar determinadas coisas irem embora, para outras melhores poderem
vir. Ao fim de uns anos acho que têm razão.
Está bem, vou ser sincera. Eu não me
sentia infeliz quando te conheci, eu não estava propriamente num sofrimento
profundo à espera de um milagre. Eu estava a viver a minha vida, estava a iniciar
uma nova etapa. As coisas estavam finalmente a entrar nos eixos, mas mesmo
assim eu sentia-me incompleta. Apesar de esboçar um sorriso todos os dias, o
meu coração não estava inteiro. Consequência de amar as pessoas erradas nos
momentos menos oportunos? Talvez.
E para quem visse de fora, tudo parecia
estar a dar certo. Contudo, eu estava toda errada.
A verdade é que naquele momento eu já não
usava o meu coração para tomar as decisões. Tudo se resumia a seguir a lógica e
o que fosse moralmente correto. Eu nunca fora assim. Sempre coloquei as emoções
em primeiro lugar, mas eventualmente isso deu mau resultado e eu tornei-me uma
pessoa fria. Porém, aquela não era eu.
Eu não sou crua daquele jeito. Posso ser
um pouco insensível em alguns aspetos e encolher os ombros em relação a certos
assuntos. No entanto, eu nunca tratei as pessoas com indiferença ou desprezo.
Ainda me lembro como se fosse hoje do que
senti no momento em que te conheci. Algo em mim me disse que eu e tu íamos ser
próximos, contudo eu estava longe de prever o que ia acontecer. Eu gostei de ti
logo no começo, identificávamo-nos em tanta coisa! Até fazemos anos no mesmo
dia. E assim as amizades nascem, de pormenores insignificantes que para nós
faziam toda a diferença.
E contigo, sempre fui eu mesma. Nunca tive
necessidade usar máscaras ou forçar temas de conversas. Tudo fluía com
naturalidade, eu podia ser espontânea, avariada, doida e perversa as vezes que
quisesse. E assim, tu soubeste desde início o que eu era. As minhas qualidades,
os meus defeitos e o quão bipolar eu podia me tornar. Hoje, mesmo depois de
conheceres o pior de mim, tu escolhes diariamente amar-me e isso não tem preço.
Eu sou extremamente complicada, sou
briguenta, sou ciumenta e sou teimosa. Sei que te dou muitas dores de cabeça,
que te fiz chorar imensas vezes por ser impulsiva e irrequieta. E peço desculpa
por tal. Eu realmente queria que as coisas fossem mais simples, que o nosso
começo tivesse sido menos atribulado e que a nossa relação fosse kawaii e doce
como a das pessoas normais. Mas sabes, eu e tu não somos normais, nada em nós
segue os padrões típicos, por tanto fodasse.
Que a gente brigue, que a gente se esfole
e que depois assuma que se ama incondicionalmente, porque isso somos nós.
Porque nós sabemos que nada disso nos vais separar, que o nosso amor é superior
a qualquer discussão sem sentido, que aquelas horas que gastas no CS (NÃO ESTOU
A DIZER QUE PODES PASSAR HORAS A JOGAR, ATENÇÃO) não são nada comparado ao
tempo que vamos estar juntos. Então, tudo bem.
Eu precisei de algumas relações que
correram extremamente mal para amadurecer. Precisei levar umas estaladas da
vida para aprender que amar não é só dizer “bom dia meu amor” e um “amo-te” de
cinco em cinco minutos. Amar passa por proteger, fechar os olhos a muitos
disparates, pôr-se no lugar um do outro… E acredita, noventa e nove por cento
das pessoas que dizem amar não têm noção do que isso é.
E nós, mesmo com todas as noites mal
dormidas, mesmo com todas as lágrimas derramas, mesmo com os quinhentos quilómetros
pelo meio, continuamos um ao lado do outro. É uma questão de escolhas. Nós
fizemos as nossas e escolhemo-nos um ao outro, independentemente das
adversidades que encontremos no caminho.
Não é que seja fácil suportar isso tudo –
porque não é. Às vezes dá vontade de mandar tudo para trás das costas e tentar
seguir um caminho que pareça mais acertado. Aí eu lembro-me de que eu nunca
tive queda para rumos óbvios, e que o meu lugar é do teu lado. Não importa se é
complicado, se vou chorar ou se vou ter insónias. Foi o que eu escolhi para mim
e nunca me vou arrepender disso.
Então, acredita quando digo que te amo e
que porra nenhuma nos irá separar. ♥